Maçonaria quer sedes em todos os distritos
Maçons portugueses preparam uma grande revolução na gestão do seu património. Que passa pela venda de edifícios para financiar uma nova sede.
O Grande Oriente Lusitano aprovou um projecto de reorganização do património que vai alterar profundamente o modelo de gestão dos seus activos imobiliários. A decisão está a suscitar alguma polémica apesar de ter sido adoptada por esmagadora maioria na Grande Dieta (parlamento maçónico) com apenas dois votos contra.
António Reis, grão-mestre da maçonaria, desvaloriza a contestação que diz "não ser significativa", até porque o processo decorreu com a "máxima transparência de modo a evitar suspeições". O juiz Ricardo da Velha, autor de um documento que serviu de base ao argumentário da oposição, declarou ao Expresso que se tinha "afastado do processo" depois da votação na Grande Dieta e não desejava "falar mais do assunto".
Com a reorganização patrimonial pretendem os responsáveis maçónicos centralizar a gestão de diversas instituições e rentabilizar os seus activos que, segundo o grão-mestre-adjunto António Justino Pereira, "têm permanecido inertes": casos da Sociedade Promotora da Escola-Oficina nº1, na Graça, e do Internato S. João, em S. Marta.
De acordo com o plano aprovado em Janeiro, todos os imóveis e terrenos destas instituições vão ser integrados na futura Fundação Grémio Lusitano que de
verá ter sede num edifício a construir nos terrenos da Graça. No novo imóvel deverá ficar também um núcleo museológico, que aproveitará a muralha fernandina que passa no local, e o museu maçónico. Existe ainda a ideia de criar um lar para a terceira idade "para servir toda a zona da Graça", muito embora António Reis e António Justino Pereira considerem ser ainda "prematuro" adiantar pormenores, já que a maçonaria "não possui conhecimentos nesta área". Nesse sentido, está prevista a criação de um centro de formação de técnicos na área da saúde.
António Reis mostra-se evasivo quer quanto ao custo final das operações imobiliárias quer quanto às formas de financiamento. Admite, no entanto, alienar algum património e acaba por conceder que a venda de um terreno na Parede (onde estava situada a colónia de férias do Internato S. João) "não está excluída".
António Reis concede que se trata de um "plano bastante arrojado", mas considera que os objectivos o justificam: a expansão do Grande Oriente Lusitano, através da implantação de sedes em todas as capitais de distrito, e um forte investimento na acção filantrópica, sobretudo nas áreas do ensino, formação e cultura.