Igreja/Maçonaria
D.José Policarpo diz que católicos não podem pertencer à Maçonaria
Maçonaria: Grande Oriente Lusitano refuta críticas do cardeal-patriarca
O grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) refutou hoje as críticas do cardeal-patriarca de Lisboa à Maçonaria, relacionando a carta ontem divulgada por D. José Policarpo com o actual ambiente na Igreja Católica em torno da sucessão do papa.
Numa nota pastoral sobre a Quaresma, o patriarca reafirmou a posição tradicional do Vaticano sobre a Maçonaria, considerando que "um católico, consciente da sua fé e que celebra a eucaristia, não pode ser mação".
Confrontado com estas afirmações, grão-mestre do GOL, António Arnaut, lembrou o caso do frei Francisco Saraiva, cardeal de Lisboa entre 1840 e 1845, "depois de em 1837 ter sido grão-mestre da Maçonaria do Sul", mais tarde integrada no GOL.
Na nota pastoral, D. José Policarpo explicou que a referência à Maçonaria estava relacionada com o ritual maçónico efectuado em Setembro do ano passado, na Basílica da Estrela, em Lisboa, antes do funeral do ex-presidente do Tribunal Constitucional (TC), Luís Nunes de Almeida. "Esta iniciativa, que considero imprudente e indevida, provocou indignação em muitos católicos, que incessantemente têm pedido um esclarecimento da hierarquia da Igreja", escreve o cardeal-patriarca.
Contudo, António Arnaut, grão-mestre do GOL e fundador do PS, sublinha que "as cerimónias fúnebres maçónicas do presidente do TC não foram realizadas na Basílica da Estrela, mas na capela mortuária anexa".
O grão-mestre acrescenta que as exéquias resultaram "da necessidade de conciliar a vontade do falecido, de que a cerimónia se realizasse no Palácio Maçónico, com o protocolo do Estado", que impunha um "funeral institucional", na Basílica de Lisboa, "por se tratar da quarta figura da República".
António Arnaut enquadra, por isso, as afirmações de D. José Policarpo na "necessidade de dar uma explicação aos católicos conservadores, que não compreendem o sentido espiritual das exéquias fúnebres do mação Luís Nunes de Almeida".
O responsável associou também a iniciativa do prelado ao "momento especial que se vive no Vaticano", com a doença do papa João Paulo II e as movimentações para a sua eventual sucessão.
Ainda assim, o grão-mestre do GOL diz ter ficado "particularmente desgostado" com a "afirmação injusta do senhor D. José Policarpo de que existe incompatibilidade entre ser católico e ser mação".
Ao longo da sua história, a Maçonaria "sempre se honrou de contar com altas figuras da Igreja Católica, de que cito por todos o cardeal Saraiva, visto ter sido meu antecessor, mas também do senhor D. José Policarpo", explicou. "A Maçonaria sempre teve e tem muitas figuras da Igreja Católica, bem como de outras religiões", concluiu o grão-mestre.